Explicando uma "mancha" no meu passado
Muito antes de sonhar em me casar, desde adolescente, bem novinha mesmo, senti o desejo de um dia adotar uma criança. Toda vez que ouvia nos telejornais sobre orfanatos ou quando via crianças moradoras de rua, pensava comigo que seria tão bom se eu pudesse ajudar a pelo menos uma dessas crianças. Não posso ajudar a todas, mas uma eu gostaria muito de poder acolher um dia. E passei a dizer isso às pessoas, que um dia eu adotaria uma criança, seria a minha boa ação à sociedade.
Só que na minha cabeça sempre pensei em uma criança com mais de cinco anos, porque são crianças que ninguém quer. O meu desejo sempre foi de ajudar e não para preencher qualquer vazio em mim. É, sempre fui meio do contra mesmo, então...
Aí cresci, quer dizer, fiquei mais velha, a vida foi passando e um dia conheço aquele com quem me casaria. E antes de nos casarmos conversei com ele sobre esse meu sonho de adotar uma criança. Ele concordou em fazer parte disso, pois também pensava do mesmo modo, e assim começamos nossa vida a dois.
Somos casados há 16 anos, mas depois de dois anos de casados descobrimos que, segundo a medicina, não podíamos ter filhos naturais. Creio que há várias causas para isso, mas a principal é que desde adolescente também eu dizia que não queria ter filhos – o motivo é outra história que não me convém falar aqui –, o fato é que eu declarava e repetia isso muitas vezes. Incoerência de uma mente adolescente, totalmente explicada dentro do contexto de influência de um espírito de rejeição, mas isso é outro assunto, como já disse. E como palavra tem poder... eis a principal razão de não termos filhos. Apesar de ter reconhecido, pedido perdão, a consequência ainda não foi retirada, vide a história do rei Davi.
Claro que como todo casal pensamos em outras possibilidades, como inseminação artificial (totalmente descartada depois) e também adoção. Mas realmente nunca fomos desesperados sobre esse assunto. Nossos muitos sobrinhos nos ocupavam a mente, o coração e o bolso, então estávamos felizes assim e, eu principalmente, mimando e paparicando os lindinhos dos titios. Não havia um vazio no nosso casamento. Às vezes falávamos sobre isso, em quem sabe um dia, mas sem ansiedade.
Com o passar dos anos a adoção ficou em modo de espera, porque havia uma divergência de opinião sobre a idade da criança a ser adotada, apesar do meu antigo desejo. E fomos levando a vida.
Um belo dia e em momentos de crises diversas, não no casamento, mas que acabaram afetando nosso relacionamento, descobrimos libertação e mergulhamos nesse assunto – e essa história está toda no meu livro, não preciso repetir aqui.
Com nosso novo chamado em levar pessoas aos seminários de libertação, um dia recebi uma "profecia" em um desses seminários de que teríamos duas crianças, uma natural e uma adotada. O contexto dessa profecia é bem intenso, e o assunto é grande, complexo e particular para ser tratado aqui.
Mas eu, que fui criada em um contexto religioso tradicional, marinheira de primeira viagem nessas coisas de profecia e sobrenatural, e contaminada por falsos ensinamentos de religiosos do “decreto espiritual”, achei que bastava decretar e declarar que aquilo aconteceria imediatamente. Não parei para pensar que poderia ser para dali a dois, três, cinco anos. E desenvolvi uma gravidez psicológica, e que já pedi perdão publicamente sobre isso, em uma reunião com alguns amigos e familiares e no blog.
Isso nos abalou um pouco, mas não a ponto de nos abater e desistir do ministério ou das promessas do Eterno para nossas vidas. Buscamos discernimento e entendemos alguns porquês de tudo aquilo ter acontecido, mas são respostas apenas para nós dois e não para serem compartilhadas.
A partir desse momento voltamos a falar sobre adoção e entramos em um acordo sobre a idade da criança, mas fiz um pedido ao Eterno. Eu disse a ele, e passei a orar assim, que nós não iríamos procurar uma criança, queríamos que ele nos mostrasse, nos enviasse, e que tomasse todo o controle desse assunto.
Cerca de dois anos depois dois sobrinhos nossos precisaram da nossa ajuda e vieram morar conosco. Eles foram tratados como se fossem filhos, nos privilégios e nos deveres também, exatamente como faríamos com nossos filhos legítimos. Cuidamos, educamos, investimos na saúde, aparelho dentário, vestuário, em cursos, enfim, foram tratados como filhos verdadeiros.
E nós chegamos a pensar que eles eram os adotivos que o Eterno havia nos enviado. E dizíamos que ele havia mandado dois de uma vez. E procuramos realizar nossa missão da melhor forma possível.
Mas um dia eles foram embora, ficaram oito meses conosco, e foram morar com outra pessoa da família, porque eles decidiram assim, nós não desistimos ou mandamos embora, eles simplesmente preferiram não continuar conosco. E assim foi.
O que preciso esclarecer é que nunca, de forma alguma, eles vieram para preencher algum vazio no nosso coração ou casamento, porque nós não temos esse vazio, não existe isso. Somos felizes e completamos um ao outro e temos o Eterno, que nos basta totalmente e estamos entregues a ele e a sua vontade boa, agradável e perfeita.
E em momento algum, depois que eles foram embora, ficamos com esse sentimento de vazio pela falta de filhos, não mesmo. Ficamos com saudades, sim. Sentimos falta deles, sim, até porque foram morar um pouco distante e não tínhamos mais um contato diário com eles. Mas isso foi tudo.
O que aprendemos? Que eles podem ter sido mesmo os adotivos que o Eterno nos mandou, mas que nossa missão teve um tempo determinado, não era para toda vida. E que ainda poderíamos receber outros adotivos que o Eterno quisesse nos mandar, como já aconteceu de novo depois daquela primeira experiência, mas também com tempo determinado.
Somos servos e queremos obedecer e fazer a vontade do Pai. E ele tem todo o controle da nossa vida. E estamos muito tranquilos em relação a esse assunto. Volto a dizer, não há vazio no nosso casamento por não termos filhos. Temos paz.
Infelizmente algumas pessoas não sabem disso, imaginam coisas que não existem e saem por aí espalhando mentiras. Por isso resolvi esclarecer mais uma vez sobre um assunto que muitos preferem não entender e continuam criando versões mentirosas, simplesmente porque não vêm até mim e perguntam o que houve, sei lá, têm medo de tocar na “minha ferida”, mas não existe ferida, não sei de onde inventam essas coisas.
Seria tão mais fácil se me perguntassem e esclarecessem toda a situação. Mas o ser humano gosta mesmo é de complicar, de fofocar, fazer o quê? Meu papel é esclarecer e fica aí a verdade para quem quiser saber.
Minha vida é um livro e um blog abertos, mas mesmo assim ainda falam mentiras sobre mim, enfim...
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