Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

É doença/transtorno/distúrbio e tem nome, e eu não sabia

Tem outro P.S. no final.

Eis que o Fantástico de domingo me informa que é uma doença/transtorno/distúrbio e tem nome: MISOFONIA. É, sou misofônica e nem sabia, pensava que era uma simples grave falta de paciência.

E a verdade liberta, senti alívio por saber que tem nome e não sou a única "chata" no mundo, rsrs. Decepcionada por não ter cura, tratamento eficaz. Assustada em saber que tantas pessoas sofrem com isso. Nunca pensei que pudesse ser doença ou transtorno, por isso nunca me informei sobre o assunto e nunca ouvi dicas de como viver melhor. Desde criança sou assim, então fui tentando aprender a conviver com isso. Quando fica insuportável, falo com a pessoa, e na minha casa a TV fica ligada quase o dia todo, principalmente na hora das refeições, contrariando a todos os conselheiros sobre isso, rsrs, mas não temos problemas com gula, então podemos comer ouvindo TV. Eu fazia isso tão automático, e agora acabo de perceber que o som da TV me faz "esquecer" os outros sons irritantes. Agora entendi porque o "silêncio" me incomoda. De vez em quando ouço uns sons como ondas sonoras tipo quando falam sobre audição dos cães na TV e usam um som para mostrar que eles ouvem sons que o ser humano não ouve, aí fico pensando que às vezes posso ouvir esses sons como os cães, que tenho uma sensibilidade muito grande, sei lá. Ainda bem que meu marido me entendia, mesmo sem saber que é "doença", e ele já sabe que em certos almoços não fico perto de uma certa pessoa que me irrita profundamente, aí ele sempre me ajuda a ficar longe dessa pessoa na mesa.

Estou pesquisando e lendo alguns textos e depoimentos e estou rindo muito com os comentários, descobrindo que não sou a única no mundo, e as pessoas têm sintomas tão parecidos que parece que estou me olhando no espelho.

O pior de tudo neste pedaço de comentário: "Sabe o que é mais triste? Quando as pessoas da sua família, ao saberem do seu problema, provocam ainda mais os sons que incomodam porque sabem que irritam."

Para quem também se identificou e quer trocar experiências e saber mais sobre o assunto, tem um grupo no Facebook muito bom.

Rindo da própria desgraça. Desde que assisti ao programa fico lembrando o tempo todo desta cena do filme:



Misofonia ilustrada:




P.S.: Transtorno de Processamento Sensorial (TPS)

Nem sei por onde começar, mas quero agradecer muito a quem sugeriu a pauta para o Fantástico, porque foi assim que me descobri transtornada. Nunca, nunca, nunca cogitei pesquisar qualquer coisa sobre isso, porque achava que sei lá o quê eu tinha, que eram manias, que puxei a meu pai e à minha mãe, mas nunca me ocorreu que pudesse ser algum neuro-curto-circuito.

Ontem passei boa parte do dia lendo sobre o assunto, e cheguei à conclusão que misofonia é apenas um dos meus problemas, e descobri que existe o Transtorno de Processamento Sensorial (TPS), que pode se manifestar em alguns ou em todos os sentidos corporais, e eu, infelizmente, tenho hipersensibilidade sensorial em todos os seis sentidos corporais que eles relatam nos textos, e tenho desde que me entendo por gente, e herdei uns do meu pai, outros da minha mãe, porque olhando para trás percebo que os dois apresentam sintomas, mas não sei em que nível cada um ou em quantos sentidos.

Não sei se rio ou choro, porque sair da ignorância liberta, enfim consigo me entender, consigo saber a razão de tanta angústia, mas não sei a quem procurar, não sei se há tratamento, não sei o que vai ser de hoje em diante. A frustração é porque não encontrei ainda alguma indicação de tratamento, porque todos os textos falam do tratamento em crianças, e para mim já era rsrs, mas vou continuar investigando e procurando ajuda profissional para tentar encontrar uma possibilidade de amenizar os problemas.

Mas pelo menos agora sei o motivo de tantas "frescuras", porque não suporto música alta em festas, porque não consigo mastigar cebola crua ou morder casca de tomate, porque tenho "gastura" ou agonia com giz, isopor, vidro com jato de areia, grafite de lápis no papel (imagine a tortura por toda infância, até poder escrever com caneta), pisar em chão de barro, andar descalça em chão de cerâmica, tocar em certos tecidos ou texturas, e porque tenho fotofobia e parece que "vejo" coisas não visíveis, porque tenho horror a cheiros fortes, inclusive perfumes etc etc etc.

Olhando para trás percebo que superei alguns sintomas e adquiri outros, consigo tocar em alguns tecidos que antes não podia nem olhar porque me causavam "gastura". Hoje consigo usar blusas com gola alta e cachecol, mas na infância e adolescência isso era totalmente impossível, ficava sufocada. A fotofobia diminuiu um pouco quando deixei de dar atenção para ela, mas ainda é forte. Mas em misofonia acho que piorei com a velhice chegando, coisas que antes não incomodavam, hoje são torturas.

Para quem quiser ler sobre, estes dois textos estão bem interessantes e esclarecedores: http://lagartavirapupa.com.br/transtorno-de-processamento-sensorial-mais-comum-do-que-se-pensa/ e http://www.ehow.com.br/sinais-deficiencia-sensorial-criancas-info_170677/


P.S.2: Misofonia e outras hipersensibilidades são dores na alma, sentimos "dor" quando ouvimos certos barulhos, é uma dor insuportável, é uma angústia indescritível. E o rótulo nos fez entender que temos algum distúrbio, transtorno, doença, problema, disfunção, seja lá que nome for, mas é um consolo saber que não é uma coisa da nossa cabeça, mas que pode ter causas bio-psico-neurológicas sei lá, mas é um alívio saber que existe algo, que não somos loucos, e que outros entendem nossa dor.

Descobrir-me misofônica e portadora de TPS trouxe-me um autoconhecimento maravilhoso, estou fazendo uma "regressão" e conseguindo entender o porquê de tantas coisas esquisitas na infância e no resto de toda minha vida. Quantas vezes me odiei por ser tão estranha. Mas agora consigo entender e me perdoar. E saber porque odeio, odeio, odeio festas (concentração de quase todos os estímulos insuportáveis: luzes, cores, ruídos, perfumes, pessoas comendo, tudo junto e tudo em excesso) foi um conforto tão grande que estou me sentindo o mais feliz dos seres humanos. Enfim, não sou a antipática, antissocial, nem a mais chata dos "cerumanus". Amando ser livre! Amando sair da ignorância! A verdade realmente liberta!

Um comentário:

ACFranco disse...

Só através do "Fantástico" tomei conhecimento sobre esse transtorno ( e meus filhos são médicos, mas me julgam "implicante"!) O interessante é que não suporto som de músicas, principalmente as que têm instrumentos de percussão. ouço-as a quilômetros de distância, onde ninguém mais as ouve! Não me importo, entretanto, com o som de pessoas mastigando o deglutindo, como a maioria dos misofônicos. Será que esse transtorno tem cura? Confesso que quando ouço músicas, tenho vontade de matar!!! Gostaria imensamente de saber se há tratamento, que profissional o faz e ainda, qual a previsão para a evolução desse transtorno, que tanto me atormenta!