Ajude a divulgar este assunto. Misoginia é doença e crime. MULHER, você pode estar casada com um misógino e não sabe. Informe-se e descubra as saídas. HOMENS misóginos, assumam que têm problema e procurem ajuda. Misógino é anjo e demônio, o médico e o monstro. Num dia é maravilhoso, romântico, no outro é ciumento, violento, assustador, ou entregue a um silêncio torturante por dias seguidos. A maioria dos casos acaba em agressão física.
Por favor, protejam nossas meninas, cuidem de suas filhas, para que não caiam nas mãos de misóginos.
E por falar em misoginia... "Aplicação da lei Maria da Penha tem diferentes realidades no país"
Leia o trecho do livro:
“Uma introdução pessoal
“Ninguém em seu juízo perfeito ficaria com alguém em meu
estado. Jeff só continua comigo porque me ama.”
Quando me procurou pela primeira vez, Nancy estava 30 quilos
acima do seu peso e tinha uma úlcera. Usava jeans velhos e largos e uma bata
informe; os cabelos estavam desgrenhados, as unhas roídas até o sabugo, as mãos
tremiam. Ao casar-se com Jeff, quatro anos antes, era uma elegante coordenadora
de uma grande loja de departamentos de Los Angeles. Viajara a trabalho pelo
Europa e pelo Oriente, selecionando estilistas para a loja. Sempre se vestira
na última moda e saíra com homens fascinantes; já aparecera em diversos artigos
sobre mulheres bem-sucedidas em
Los Angeles – e conseguira
isso antes de completar 30 anos. Mas quando a conheci, aos 34 anos de
idade, estava tão envergonhada de sua aparência e da maneira como se sentia em
relação a si mesma que quase nunca saía de casa.
O declínio do amor-próprio de Nancy parecia ter começado
quando ela se casara com Jeff. Quando a interroguei a respeito do marido, no
entanto, ela iniciou uma longa lista de superlativos.
“Ele é um homem maravilhoso. É encantador, espirituoso e
dinâmico. Está sempre fazendo coisas por mim – mandou-me flores para comemorar
o aniversário do primeiro encontro. No ano passado, no meu aniversário, ele
comprou de surpresa uma passagem para a Itália.”
Ela contou que Jeff, um advogado ativo e vitorioso no ramo
do show busines, sempre encontrava
tempo para estar em sua companhia. Apesar de sua aparência atual, ele ainda
queria que o acompanhasse a todos os jantares e viagem de negócios.
“Eu adorava sair com ele e seus clientes, porque sempre
ficávamos de mãos dadas, como namorados na escola secundária. Sou a inveja de
todas as minhas amigas por sua causa. Uma amiga chegou a comentar: ‘Você tem um
marido muito especial, Nancy.’ Eu sei que ele é mesmo especial. Mas olhe para
mim! Não entendo o que aconteceu. Eu me sinto deprimida o tempo todo. Tenho de
me recuperar ou vou perdê-lo. Um homem como Jeff não precisa perder tempo com
uma esposa como eu. Pode ter a mulher que queira, até mesmo estrelas do cinema.
Tenho sorte por ele ficar comigo tanto tempo.”
Enquanto escutava Nancy e observava sua aparência, perguntei
a mim mesma: “O que há de errado neste quadro?” Havia uma contradição básica.
Por que uma mulher competente e ativa haveria de ficar tão por baixo num
relacionamento amoroso? O que lhe acontecera nos quatro anos do casamento para
produzir uma mudança tão grande em sua aparência e senso de amor-próprio?
Pressionei-a a falar mais um pouco sobre o relacionamento
com Jeff e pouco a pouco foi surgindo um painel mais claro.
“Acho que a única coisa que realmente me incomoda em Jeff é
a maneira como ele se descontrola de vez em quando?”
— Como assim? – perguntei
Ela soltou uma risada antes de responder.
“Jeff faz o que eu chamo de imitação de King Kong, gritando,
armando a maior confusão. Também tem a mania de me desqualificar, como
aconteceu outra noite, quando jantávamos com amigos. Jeff falava sobre uma peça
e eu fiz um comentário. Ele me disse, então, rispidamente: ‘Por que não cala
essa boca?’ E acrescentou para os nossos amigos: ‘Não deem atenção a ela. Está
sempre dizendo besteiras.’ Fiquei tão humilhada que senti vontade de afundar no
chão. E, depois, mal consegui engolir a comida.”
Nancy começou a chorar ao recordar diversas outras cenas de
humilhação em que Jeff
a chamara de idiota, egoísta ou insensata. Quanto ficava furioso, Jeff gritava
com ela, batia portas, jogava coisas.
Quando mais eu a interrogava, mais nítido o quadro se
tornava. Ali estava uma mulher tentando desesperadamente descobrir como agradar
a um marido que se mostrava com frequência irado e intimidativo, porém
encantador. Nancy disse que muitas vezes adormecia horas depois com as palavras
cruéis de Jeff ainda ardendo em seus ouvidos. E durante o dia tinha acessos de
choro sem motivo aparente.
Foi por insistência de Jeff que Nancy largara o emprego ao
casar. Agora, ela sentia-se incapaz de retornar a carreira. E descreveu assim a
situação:
“Agora eu não teria coragem de participar de uma reunião de
negócios e muito menos fazer uma viagem de compras. Não me sinto capaz de tomar
decisões, porque perdi a confiança em mim mesma.”
Jeff tomava todas as decisões no casamento. Insistiu no
controle de total de todos os aspectos da vida conjugal. Supervisionava todas
as despesas, escolhia as pessoas com quem se encontravam socialmente e até
mesmo decidiu o que Nancy deveria fazer enquanto ele trabalhava. Desdenhava
qualquer opinião de Nancy diferente da sua, gritava com ela, inclusive em
público, sempre que estava insatisfeito. Qualquer desvio de Nancy do curso
fixado por ele resultava numa cena terrível.
Declarei a Nancy que
tínhamos muito trabalho a fazer, mas garanti que logo ela começaria a se sentir
menos acabrunhada. Comentei que teríamos de analisar seu relacionamento com
Jeff e que a autoconfiança que ela pensara ter perdido na verdade não
desaparecera, apenas se extraviara. Juntas, trataríamos de recuperá-la. Ao
deixar aquela primeira sessão Nancy sentia-se um pouco mais firme e menos
perdida. Mas eu comecei a me sentir abatida.
A história de Nancy me causava um grande impacto. Sabia que,
como terapeuta, minhas reações frente a uma cliente eram instrumentos
importantes. Estabeleço vínculos emocionais com as pessoas com quem trabalho, o
que me ajuda a compreender mais depressa como estão se sentindo. Mas aquele
caso era diferente. Eu me senti inquieta depois que Nancy se retirou. Não era a
primeira vez que uma mulher me procurava com aquele tipo de problema e também
não era a primeira vez que eu reagia com tanta intensidade. Não podia mais
negar que o que me afetava era a certeza de que a situação de Nancy se parecia
muito com a minha.
Exteriormente, eu parecia confiante, realizada – uma mulher
que rinha tudo. Durante o dia, no consultório, no hospital e na clínica,
trabalhava ajudando pessoas a encontrar a
confiança e um senso renovado da própria força. Mas, em casa, a história
era diferente. Meu marido, como o de Nancy, era encantador, sensual e
romântico, eu me apaixonara perdidamente por ele no instante em que nos
conhecêramos. Mas logo descobrira que ele tinha uma fonte inesgotável de ira em
seu íntimo e possuía a capacidade de me fazer sentir pequena, inadequada e
desequilibrada. Insistia em controlar tudo que eu fazia, acreditava e sentia.
A Susan-terapeuta podia dizer a Nancy: “O comportamento de
seu marido não parece amoroso. Ao contrário, a impressão é de que está havendo
opressão psicológica.” Mas o que diria a mim mesma? A Susan eu ia para casa à
noite se encolhia toda para evitar que o marido gritasse com ela. Essa Susan
vivia dizendo a si mesma que ele era um homem maravilhoso, uma companhia
excitante; por isso, se alguma estava errada, só podia ser culpa dela.
Ao longo dos meses seguintes estudei mais meticulosamente o
que acontecia no meu casamento e nos relacionamentos das clientes que pareciam
se encontrar em situações semelhantes. O que estava realmente acontecendo? Quais
eram os padrões? Eram as mulheres que geralmente procuravam minha ajuda, mas
era o comportamento dos homens que exigia minha atenção. Como as parceiras
muitas vezes os descreviam, eram encantadores e até amorosos, mas também
capazes de assumir um comportamento cruel, crítico e insultuoso, de um momento
para outro. O comportamento dos homens estendia-se por um amplo espectro, da
intimidação e ameaça óbvias a ataques mais sutis e disfarçados, sob a forma de
constantes afrontas ou críticas erosivas. Qualquer que fosse o estilo, os
resultados eram os mesmos. O homem assumia o controle ao esmagar a mulher. Esses
mesmos homens também se recusavam a assumir qualquer responsabilidade pela
maneira como seus ataques faziam as parceiras se sentirem. Em vez disso,
culpavam as esposas por todo e qualquer incidente desagradável. ”
Leia também Os misóginos que conheci, a absolvição das mulheres o espírito por trás da misoginia
Leia também Os misóginos que conheci, a absolvição das mulheres o espírito por trás da misoginia
Nenhum comentário:
Postar um comentário