Publicação fixa: Argumentos lógicos X tratados teológicos

Meus textos questionando o sistema religioso e as mentiras do cristianismo são sempre com argumentos de raciocínio lógico, porque para mim vale o que está escrito sem interpretações humanas, sem oráculos para traduzir o texto... Continue lendo.

sábado, 13 de novembro de 2010

Os misóginos que conheci e a absolvição das mulheres

Quanto mais mergulho na pesquisa e medito no assunto misoginia, mais me dá vontade de bater muito em um saco de areia – para não bater nos misóginos que conheço, afinal, sou contra a violência. Claro, não quero pecar, mas estou irada!

Meu estômago está revirado há dias, minhas entranhas se contorcendo, um frio intenso na barriga, ansiedade, insônia, porque, a mente não para de pensar, pensar, pensar, enfim, meus sintomas de assunto-bomba e de revelações chegando aos montes. Sinto que vou explodir.

Meu marido não é misógino, o Eterno me poupou disso. Mas fico me perguntando por que esse assunto mexeu tanto comigo e a resposta vem direta: porque conheci muitos, muitos misóginos. E olho para os lados, relembro situações, vejo que estamos cercados por essa doença. E é muito mais grave do que imaginamos ou pensamos. É uma pandemia, com certeza.

Explico porque penso assim. O livro Homens que odeiam suas mulheres... é perfeito, traz uma visão ampla do assunto, é de fácil leitura, tem muitos exemplos reais de relacionamentos misóginos. Mas o livro trata da forma mais grave da misoginia, que são os homens muito agressivos, os que partem para a violência física. Mas vou lendo e pensando nos homens misóginos que conheci e muitos não se encaixariam nesse perfil.

E é aí chego à conclusão de que o assunto é muito mais grave, porque percebo que a maioria dos homens tem tendência à misoginia e muitos não desenvolvem a doença porque as mulheres se posicionam. E acredito nisso porque nossa sociedade incentiva a misoginia. É só lembrar das piadas que escutamos desde crianças, tipo “o homem não sabe porque está batendo, mas a mulher sabe porque está apanhando”. Posso estar enganada, mas é nisso que penso como mera observadora da vida. Então, é essa forma mais sutil de misoginia que identifico na sociedade e é dela que tenho mais medo. Para entender melhor, vou tentar fazer um retrato dos misóginos que conheci ao longo de toda minha vida, inclusive na infância.

Uma das minhas primeiras percepções é que um dos tipos de misóginos são homens que não gostam de estudar. Alguns destes até gostam de trabalhar ou não fogem do trabalho, mas são completamente acomodados nos estudos, eles se contentaram com muito pouco e  se conformaram com uma vida medíocre, eu diria. Desconfio que alguns não querem estudar porque assim acabarão fazendo com que suas esposas queiram estudar também, para que seus maridos não tenham vergonha da pouca escolaridade delas, para poderem se sentir bem com os amigos do marido, é assim que acontece geralmente. Mas se isso acontecer, elas vão ter o temido resultado da educação, que é mente aberta, conhecer seus direitos e não se deixar enganar com facilidade. E tanto os misóginos quanto o sistema demoníaco do mundo querem que as pessoas continuem limitadas em sua inteligência, porque assim é mais fácil manipulá-las.

E alguns desses que não gostam de estudar não gostam também de trabalhar. São do tipo que reclamam do trabalho, do chefe, o tempo todo e não param nos empregos. Sempre contam uma história de que foram injustiçados, são sempre as vítimas. E normalmente são sustentados pelas mulheres, mas não gostam do trabalho das esposas, reclamam, criticam, desmerecem o emprego delas, a profissão delas.

Aliás, os dois tipos implicam dia e noite com o trabalho das esposas. Alguns casam com mulheres que estudaram e tinham uma carreira profissional promissora, mas eles sentiam vergonha por não terem estudado, principalmente quando saíam com os amigos do trabalho delas, eles se sentiam deslocados e sem assunto. Mas ao invés de se esforçarem para terem um diploma, alguns se colocam em uma clausura, criticando agressivamente os amigos das mulheres e impedindo que elas avancem na vida profissional. E acabam afastando as esposas dos amigos delas.

Notei que um que pegava no pesado sem reclamar, dava duro de sol a sol, não permitia que a esposa trabalhasse. Proibiu. Mas ele não correu atrás, não estudou e não deu a ela a boa vida que deveria ter vindo junto com a proibição. Uma coisa é a opção da mulher não querer trabalhar fora, outra é proibição. Para proibir ele tinha que ser muito bom provedor.

E aí entra a forma mais sutil de misoginia, que me assusta, porque muitos não proíbem a esposa de estudar ou trabalhar, mas vivem dizendo: “Não proíbo, mas por mim ela não trabalha” ou “Eu prefiro que ela não trabalhe” e coisas parecidas, que são ditas tantas vezes que acabam fazendo a mulher desistir dos seus objetivos.

Lembro também de pelo menos cinco misóginos que tinham pressa de casar. Uns compraram alianças com menos de um mês de namoro. Exatamente como o livro diz, que eles querem prender logo a mulher, antes que ela perceba quem eles são.

Percebi que a maioria tinha um ciúme exagerado. Conheci dois que seguiam as namoradas na rua, vigiavam escondidos. É sério, eu vi isso acontecer quando era adolescente. Sou testemunha ocular. Outros faziam questão de levá-las e buscá-las na escola, no trabalho etc, vigiavam descaradamente mesmo, com a desculpa de que estavam protegendo da violência. E havia um misógino que conseguiu convencer a esposa de que gostava mais quando ela não cuidava de um certo detalhe em sua aparência, mas no meu entendimento ele queria mesmo é que ela ficasse feia por causa do ciúme dele, porque o que ele disse que era bonito, de jeito nenhum era bonito.

São muitas histórias, muitas mesmo. E a minha conclusão é que a sociedade está infestada com essa forma mais suave da misoginia e as mulheres estão sendo oprimidas e humilhadas e roubadas do seu papel o tempo todo. Por isso tantas com depressão, com estresse, doentes. Mas infelizmente não se fala disso. E o pior é que muitas mulheres, quando são confrontadas, estão cegas e negam que os maridos têm problema. A autora do livro fala muito sobre isso, como o trecho que publiquei aqui em outro post. Precisamos fazer alguma coisa urgente.

A absolvição das mulheres – Depois que fui apresentada a essa doença, as mulheres foram absolvidas e minha visão sobre submissão mudou completamente. Interessante que li um texto recentemente (Mulheres, calem-se?) sobre as deturpações dos ensinos de Paulo sobre submissão e agora ficaram muito mais claros quando entendi a misoginia.

E depois dessas duas revelações, entendi que o ensino da distorcida submissão feminina – e que defendi no meu livro e agora peço perdão – reforça e incentiva a misoginia na família e na sociedade, principalmente no meio religioso.

Hoje percebo que isso roubou o papel correto da mulher e prejudicou tantas crianças, as verdadeiras vítimas de toda essa situação, que cresceram e se tornaram misóginos, de geração em geração. Claro que sei que isso é um plano diabólico, mas me revolta que o âmbito religioso tenha sido o maior propagador desse ensinamento totalmente errado.

A mulher tem dentro de si uma força natural de liderança, mas isso foi roubado, podado por essas interpretações distorcidas. Se homens e mulheres compreendessem seu verdadeiro papel e caminhassem em equilíbrio, seria perfeito. Mas aí não estaríamos vivendo nesse mundo decaído. Ainda bem que o Reino do Eterno está chegando para restaurar todas essas coisas.

Algumas mulheres que eu acreditava serem as opressoras na história foram absolvidas com essas revelações. Percebo que elas estavam se defendendo e gritando por socorro. Enquanto elas eram torturadas em segredo, dentro dos seus quartos, algumas pareciam maltratar seus maridos em público, fazendo com que as pessoas pensassem que elas é que eram más. E os homens, por sua vez, faziam cara de vítima e se fingiam de bonzinhos para as pessoas. E a nossa visão da história era completamente deturpada, as vítimas se tornaram vilãs e os verdadeiros vilões posando de coitadinhos.

Enfim, ainda estou pesquisando e meditando sobre tudo isso, mas tenho um grito preso na garganta e por isso estou tão irada.

Só agora consigo entender tanto sofrimento das mulheres que foram oprimidas por homens misóginos e agora sei o que elas passaram. Só agora entendo os livros que li sobre a liderança das mulheres. E espero que mais pessoas comecem a entender isso e haja uma restauração do verdadeiro papel da mulher na sociedade.

E que o Eterno tenha misericórdia de nós e nos perdoe por tamanha violência. E que as escamas dos nossos olhos caiam e que as mulheres que estão debaixo desse jugo doentio consigam enxergar a verdade e se libertem verdadeiramente.

4 comentários:

Leila Barros disse...

É incrível como as revelações estão vindo à tona de maneira tão clara!
O que é mais interessante nisso tudo é que o Eterno está usando nossa experiência aprendida com o assunto em batalha espiritual para nos fazer entender pequenos detalhes que de outra forma não enxergaríamos. Isso associado ao uso da inteligência e à sua vocação jornalística.
Vou continuar divulgando para todos para que famílias sejam libertas, misóginos sejam desmascarados.
Continue pesquisando e meditando. Penso que esse é um serviço à sociedade.
Bjs

Débora De Bonis disse...

Obrigada, amiga. Estou tentando fazer minha parte e sei que estou me metendo com vespeiro, mas a ira me impulsona a lutar.

Leila Barros disse...

Isso! Vá em frente e conte com meu apoio em oração e divulgação!

Pastora Ligia Rezende disse...

Eu tenho certeza que o Eterno tem aberto so olhos do seu povo, e tem usado pessoas como voce para ser voz. Que o Eterno te proteja e te guarde!