Aproveitando que dia 24 de adar completei mais um ano de vida (sigo o calendário de Israel), parei para escrever as minhas reflexões sobre aniversários, como havia prometido há um tempo.
Um dia ouvi uma pessoa dizer que não comemorava aniversários e achei estranho, e nunca pensei que fosse dizer isso, mas hoje tenho que dar razão a ela.
Quem me conhece sabe que sempre gostei de aniversários. Não gostava das festas [agora sei o motivo], mas sempre fiz questão de saber a data do aniversário dos amigos e dos parentes, e telefonar ou mandar mensagem para cada um no seu dia. Todo ano eu imprimia um calendário com os aniversários das pessoas que conhecia para não me esquecer de ninguém. Aos mais chegados ainda comprava um presente. Também gostava da data do meu aniversário, apesar de não ter o costume de fazer festa.
Mas conforme me aprofundava na teshuvah e pesquisava sobre práticas pagãs, li sobre a origem da comemoração de aniversários, fui ficando meio desconfiada, e comecei a observar e meditar sobre o assunto.
Acho que o início dessa desconstrução aconteceu em uma festa de aniversário de um filho de um amigo. Fiquei ali, olhando para a mesa do bolo, e eu já havia lido sobre a teoria da origem do bolo de aniversários, e aquela mesa me criou um desconforto, porque veio à minha mente a imagem de um altar com oferendas.
Depois disso comecei a questionar as festas de aniversários e cheguei a algumas conclusões e gostaria de explicar os motivos que me fizeram não comemorar mais essas datas:
- Festa de aniversário virou uma grande indústria e é um grande incentivo ao consumismo. Ou seja, é mais uma data comercial. Tem gente que faz dívidas para fazer uma festa de arromba com bolo fake (odeio bolo fake!!!!!).
- Festa de aniversário é para o aniversariante ou para os convidados? A maioria que fui era para o aniversariante ficar feliz. Os convidados que se virassem com a música alta demais, com a falta de opção de comida saudável, ou com a falta de comida...
- É também um incentivo à “egolatria”. É muito eu, eu, eu, meu, meu, meu.
- É motivo de muita briga entre os casais, porque criou-se a exigência de que o cônjuge (normalmente o marido rsrs) deve lembrar-se dos aniversários sem que o outro cônjuge, ou a esposa, fale nada. E haja sofás para maridos esquecidinhos dormirem. [P.S.: Não é o meu caso, nunca exigi isso do meu marido e nunca tivemos problemas desse tipo. Mas já ouvi muitas histórias.]
- É motivo de muita frustração e trauma emocional nas pessoas, porque algum dia alguém não se lembrou do seu aniversário, porque não houve uma festa dos seus sonhos quando era criança, ou quando fez 15 anos, e tantas outras histórias que conhecemos. Sempre achei estranho que tanta gente fica deprimida no dia do aniversário, sempre desconfiei que tem alguma coisa esquisita nisso, assim como sempre vi as pessoas deprimidas nas festas de fim de ano.
Enfim, ainda estou aprendendo a me desligar disso, afinal passei a vida toda valorizando aniversários e ainda tenho que me forçar a não telefonar ou deixar recados nas redes sociais, e às vezes alguém reclama porque não faço mais isso. O que procuro fazer hoje é orar pela pessoa que está completando mais um ano de vida, acho que é o melhor presente que posso dar a ela, pelo menos uma vez por ano.
Às vezes penso que até poderia haver uma celebração, mas de uma forma muito diferente e bem menos egocêntrica, sem que o aniversariante fosse o alvo de presentes ou felicitações. Talvez alguma forma em que o aniversariante demonstrasse mais gratidão ao Eterno, aos seus pais, à sua família. Talvez a pessoa que faz aniversário poderia comprar um presente para os seus pais, agradecendo a eles por terem sido instrumentos de sua existência na Terra. Ou até mesmo fazendo uma grande boa ação neste dia, quem sabe uma doação a uma pessoa próxima carente, ou um presente para alguém que esteja precisando muito, enfim, ideias não vão faltar.
Também acredito que essa comemoração deveria ser em família, uma coisa mais caseira, talvez com os amigos mais chegados. Nunca gostei da obrigação de comemorar aniversários dos colegas de trabalho, de escola, ou de igrejas, clubes etc. E também sou terminantemente contra festas surpresas, porque sempre envolvem mentira, e sou contra festas organizadas para líderes de alguma instituição, religião, chefe do trabalho, ou seja, de pessoas que nem se conhecem direito. Já vi cada coisa terrível beirando a idolatria, já fui enganada em festa surpresa para líder religioso que mais parecia festa de casamento, tive nojo daquilo.
Então, aos meus amigos e familiares, perdão, mas não curto mais essa coisa de aniversário e tenho evitado essas festinhas.
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