Novembro/2011
Depois de descer o Monte das Oliveiras e passar pelo vale, subindo do outro lado. Foto de Guimarães. Fiz um álbum com algumas fotos da viagem, porque seria muito complicado colocar tantas fotos aqui na postagem. Vejam lá. |
Emoções
Uma semana antes de viajar eu só chorava por cada foto e vídeo de Israel que eu via, a emoção era grande. O sonho estava prestes a se realizar e a expectativa crescia. Nunca pensei que ficaria tão ansiosa com a viagem. Arrumar as malas, comprar acessórios que faltavam, foi uma semana intensa.
E enfim, chegou o dia, partimos. A viagem foi tranquila, tudo dentro do previsto. Fomos via São Paulo, onde o grupo de 20 pessoas de várias partes do Brasil se encontrou, de lá partimos para Tel Aviv, em Israel, com conexão em Roma, na Itália. E na conexão me dei conta de que estava saindo de Roma e indo para Jerusalém, agora literalmente.
Quando chegávamos em Israel, sobrevoando o Mar Mediterrâneo, tive a sensação de estar em uma cena de Nárnia 3, quando Lúcia, de dentro do navio, viu as sereias transparentes nadando e acenou para elas. Eu quase via isso acontecendo. E foi assim que me senti, como se estivesse chegando em Nárnia.
Em Tel Aviv já começamos a perceber a grandiosidade de tudo que encontraríamos. O aeroporto é lindo, muito grande e muito bonito. Foi uma beleza de primeira impressão.
De Tel Aviv seguimos de ônibus para Jerusalém e no percurso, enquanto o guia falava dos locais em que passávamos, a emoção tomou conta de novo, e eu só sabia chorar.
No Museu do Holocausto, na Ala da Crianças, a emoção foi forte, mas nem deu muito tempo, porque os homens, acho que com medo de não segurarem as lágrimas, rsrs, passaram tão rápido lá dentro, que eu nem pude deixar o sentimento fluir, quando vi já estava do lado de fora. Mas ainda assim foi impactante.
Mas foi no Museu da Diáspora, já em Tel Aviv, na véspera da viagem de volta ao Brasil, que eu desabei. Não conseguia parar de chorar, enquanto a guia ia falando sobre os judeus espalhados por todo o mundo, pessoas de várias características diferentes, que lutaram para sobreviver e manter a cultura e a fé. Meu "1%" de sangue israelita veio à tona e ali foi o momento mais emocionante da viagem para mim. Não gosto nem de lembrar, porque foi forte e posso desabar de novo.
Clima
Bem que eu tentei saber como estava o clima por lá, mas não tive informações precisas. Pesquisei na internet, perguntei ao líder da caravana, até mandei mensagem para uma pessoa que sigo no Twitter e que mora em Jerusalém – e que não me respondeu – , mas não consegui saber de fato como estaria a temperatura lá. O Climatempo dizia que a previsão seria de máxima 23 e mínima 12 no dia da viagem e eu resolvi seguir meus instintos de carioca friorenta e levei tudo que tinha direito, e deveria ter levado mais um pouco, porque o frio lá era intenso e o vento gelado aumentava a sensação de frio. E fomos abençoados com chuva durante quase todo o tempo em que ficamos em Jerusalém, e a cada dia o frio aumentava. Estava uma delícia, mas só curtimos porque fomos prevenidos. No sábado, último dia em Jerusalém, tivemos o dia e a noite mais frios, no sábado à noite saímos com chuva e muito frio, andando pelas ruas de Jerusalém, fazendo nossa despedida.
O ar em Jerusalém é seco, parecido com o de Brasília, e o nosso nariz sofreu bastante. Teve gente com nariz sangrando feio.
No dia do passeio a Massada e Mar Morto fez sol e até calor. E nos dias na Galileia e Tel Aviv também não choveu, ainda estava frio, mas bem menos que em Jerusalém.
Ben Zion
Nosso guia turístico salvou a viagem, ele é uma gracinha. Para quem não leu no Facebook, segue o comentário que fiz sobre ele: “Salomão foi o homem mais sábio do mundo, mas eu descobri o segundo e o terceiro. O segundo foi Flávio Josefo, sabia tudo, uma das frases que mais ouço é: ‘Como sabemos? Porque Josefo falou’. O terceiro é o nosso querido guia turístico, Bem Zion. Além de saber tudo, ele é atencioso, muito paciente e disciplinado. Obrigada, Ben, sem você a viagem não seria a mesma.”
Turismo
Nossas muitas leituras prévias foram muito úteis para podermos entender as explicações do guia, mas nem em um ano conseguiríamos ver e assimilar tudo que existe lá. É muito mais e muito maior do que poderia sonhar ou imaginar. Nenhuma foto ou vídeo pode descrever a grandeza que vimos com nossos olhos. E nossa ignorância só fica mais evidente a cada museu que visitamos.
O tempo é pouco e as atividades bem intensas, foi uma verdadeira maratona. No primeiro dia visitamos o Museu de Israel, o parlamento e o memorial do Holocausto. No segundo dia visitamos a Cidade de Davi e descemos pelo túnel de Ezequias, que era o aqueduto que abastecia a cidade. Deu medo na saída do túnel, porque tivemos que passar por um caminho estreito, às vezes só podia passar de lado, e parecia que não acabava nunca. Ainda fomos ao Museu Torre de Davi. No final do dia estávamos quebrados, os pés doíam muito, foi o dia mais cansativo.
Nos outros dias visitamos ainda os parques arqueológicos de Massada, de Qumran e do Segundo Templo. Fomos ao Monte das Oliveiras, ao Monte Carmelo, visitamos as ruínas da sinagoga de Cafarnaum, molhamos o pé no Lago da Galileia (Mar da Galieleia), no Mar Morto e no Mar Mediterrâneo. Fomos a Cesareia Marítima, a Haifa e a Tiberíades.
Há fotos de tudo isso no álbum, vejam lá.
Shabat
Passar o shabat em Israel foi uma experiência quase engraçada. Demoramos mais do que o combinado no passeio, porque mudaram o roteiro no último momento, e quando chegamos de volta ao hotel, um pouco antes das 14h00, as lojas estavam fechando para o shabat, e não encontramos restaurante para almoçar. Então passamos em uma padaria e compramos pães e bolos e fizemos um piquenique no bar do hotel. E depois disso Alexandre e eu fizemos um shabat ao pé da letra, porque estávamos muito cansados, andamos muito na sexta-feira pela manhã e também durante toda a semana, então descansamos de verdade. No sábado pela manhã acordamos tarde, estudamos um pouco, e só saímos quase no final do shabat, para encontrar o grupo no bairro judeu, perto do Kotel (Muro das Lamentações). Foi a noite mais fria e chuvosa e era nossa última noite em Jerusalém. No final da noite andamos no trem municipal, que corta a cidade e estava em fase de testes. E o restaurante que fomos em outra noite não abriu depois do shabat, então terminamos com outro piquenique, dessa vez no quarto.
Esse descanso foi ótimo e necessário, porque a maratona de visitas e caminhadas recomeçaria no domingo cedinho, quando partimos para Galileia e Tiberíades. Então seguimos com as forças renovadas e agradecendo ao Pai pelo shabat.
Culinária
Tirando a parte estranha de peixe e saladas no café da manhã, a comida era quase normal. Um pouco parecida com a comida árabe que conhecemos aqui no Brasil, como pasta de grão-de-bico, pão sírio, salada tabule. Eles comem muitas saladas, muitos legumes, e eu gostei muito disso, principalmente do serviço de alguns restaurantes, porque eles servem vários pratinhos com legumes: um com cenoura – sempre havia cenouras –, outros com berinjela, abóbora, repolho, pepinos frescos e em conserva – sempre havia pepinos também –, ou seja, a comida bem à minha cara, porque amo legumes.
A única diferença é que tudo é bem temperado, bastante pimenta, curry, gergelim. A pimenta sempre nos fazia pensar na Bahia.
Matei a saudade de comer falafel, um bolinho de grão-de-bico, e lá é muito mais gostoso, porque é também muito temperado.
Apesar do jantar estar incluído no pacote dos hotéis, em uma noite saímos para jantar fora e comemos costela de cordeiro. Eu não poderia voltar sem ter comido cordeiro em Israel. E valeu a pena, estava muito bom.
Antes de viajar eu já sabia que havia um chocolate israelense muito bom, e quando fomos comprar encontramos outra marca, também de lá, tão bom quanto. Realmente a informação que tivemos foi verdadeira, o chocolate deles é uma delícia.
Uma novidade que provamos foi a geleia de tâmaras com nozes, imperdível. E também compramos mel de tâmaras, que o guia nos disse que é o mel do texto que fala da “terra que manam leite e mel”. Muito gostoso.
E claro que, apesar de muitos falarem que era muito ruim, nós tivemos que provar azeitonas tiradas do pé. Realmente é horrível, amarga demais, e com cica. Mas há coisas que só acreditamos provando, não é? Mas também comemos azeitonas diferentes por lá. Não são como as nossas, que são muito macias e sem amargo, não. Eles fazem um processo diferente, que eu não descobri como, mas elas ficam quase ao natural, com um pouco do amargo, e são deliciosas. Chamam de azeitonas quebradas, porque eles batem nelas para fazer uma pequena rachadura. Aprovadíssimas. Agora vou sair pelo Rio procurando azeitonas assim.
Enfim, valeu cada centavo, cada lágrima de emoção, os pés doendo de caminhar, valeu tudo. Agora é tentar sobreviver com a saudade daquela terra linda e especial.
Saudade de Sião
"Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos com saudade de Sião. Ali, nos salgueiros penduramos as nossas harpas; ali os nossos captores pediam-nos canções, os nossos opressores exigiam canções alegres, dizendo: 'Cantem para nós uma das canções de Sião!' Como poderíamos cantar as canções do Eterno numa terra estrangeira? Que a minha mão direita definhe, ó Jerusalém, se eu me esquecer de ti! Que a língua se me grude ao céu da boca, se eu não me lembrar de ti, e não considerar Jerusalém a minha maior alegria!" Salmo137.1-6
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